sexta-feira, 29 de novembro de 2013

CORAGEM

Estava refletindo sobre o começo dos meus relacionamentos - não que eu tenha tido muitos, quem me dera - mas eu descobri que existe sempre um pilar no início que é idêntico em todos ele, mesmo que não tenham vindo sempre de mim.
Sabe, eu não sou do tipo de pessoa positiva que pensa "Ah, tudo bem! Eu estou assim agora, mas um dia tudo ficará melhor e eu vou arrumar alguém que ame!" Não, eu definitivamente não sou assim. Estou classificado mais como um realista para pessimista (todo pessimista se considera apenas realista, mas enfim) que pensa "Mas que bosta será que eu fiz para estar sozinho? Eu me acho bonito de vez em quando, sou legalzinho e estou disponível. O que me falta?" A resposta é mais do que certa: coragem.
Eu sei que é mais do que certa porque é assim que todo e qualquer tipo de relacionamento com alguém que não seja da sua família, nasce; da coragem de chegar perto da pessoa e conversar, puxar assunto. Esse é o pilar em comum em todos os relacionamentos que tive. No primeiro, com meu ex, fui eu o corajoso quem mandou mensagens e puxou o assunto homossexualidade e perguntou das possibilidades e, a partir daí, ficamos juntos por incríveis três meses. O segundo, foi um carinha que eu conheci na porta da empresa que eu trabalhava, quando já havia sido demitido. Fui lá ver meus velhos amigos e, enquanto os esperava, ele veio falar comigo. Sabe, ele foi o corajoso, me deu o número dele, pegou o meu e puxou esses assuntos, etc. Eu fico receoso, afinal de contas nunca disse para ninguém, até pouco tempo atrás, que eu era gay nem nada disso. Ainda mais porque o carinha bonitinho que eu vi outro dia conhece minha madrinha e, se não desse certo, se ele fosse hétero, de repente poderia contar para ela e eu me viria naquela situação de ter que me assumir para todos de uma maneira forçada. Embora eu saiba e tenha absoluta certeza que de todas as pessoas da minha família, a que me aceitaria sem nenhum tipo de condenação, seria ela, minha madrinha, eu fico inseguro. O tempo todo.

Por exemplo, o carinha da faculdade que eu achei lindo, mesmo sabendo que ele é gay, não posso simplesmente chegar e pedir o número e... Não sei, eu tenho que vê-lo todos os dias e, depois que ele passou a andar com meus ex amigos, a situação piorou, porque eram conhecidos meus, assim como eu lembro dos segredos que eles me contaram, eles também devem lembrar dos que contei. Mesmo sabendo que parece loucura, e talvez seja mesmo, eu fico com medo.
Eu queria sair dessa casca que me cobre e, na minha opinião, me protege, para mostrar ao mundo quem eu sou, para falar com as pessoas, para me arriscar mais... Seria um sonho, que só é alcançado quando temos coragem de ter coragem
É muito bonito de escrever, mas muito complicado de botar em prática. Mas seria como viver em Hogwarts, um sonho tão grande quanto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário