domingo, 25 de maio de 2014

OCORRÊNCIA

Como novidade posso contar que finalmente consegui um emprego. Consegui um estágio na minha área - provisória -, em publicidade.
Cuido das mídias da empresa; do site, páginas no facebook e twitter e etc.
É estranho porque eu tenho a sensação de não fazer muita coisa e, essa semana, um professor e sua estagiária, de outro setor, me pediram ajuda e eu me senti muito bem em ser útil.
Ainda tenho medo de fazer algo errado e acabar por estragar essa oportunidade, que me será muito boa se prolongada.

Na faculdade me aconteceu algo que me chateou um pouco; estava conversando com minha amiga e, no meio da conversa, disse que um menino - que eu não gosto - estava fingindo ser fotógrafo. Falei, brincando, que ela também. Na hora todos rimos e eu achei que ela houvesse entendido como brincadeira.
Qual não foi minha surpresa quando vejo no facebook um texto enorme dela, me citando, e alegando não ser uma pseudo-fotógrafa. Os comentários de familiares e amigos dela dizendo acreditar em seu talento e oferecendo-se como apoio que se seguiram me transformaram, mais ainda, num tipo de monstro que até eu teria medo.
De qualquer forma, eu sei que esse tipo de brincadeira não será mais feita com ela. Talvez nenhum tipo de brincadeira. Não tenho a menor paciência para gente carente que adora se vitimizar, da forma mais dramática possível. Estou, mais uma vez, com raiva.

O PAPEL

Outro dia desses, te vi. Gostei disso.
Porém, como de costume, não fiz nada além de olhar.
No dia seguinte, não estava mais lá.
Uma semana depois, você veio de novo.
Eu decidi me livrar de minha zona de conforto
e te pisquei meu olho esquerdo;
do jeito mais desajeitado e menos atraente possível
pois não sou o que se chama de experiente.
Você sorriu, não sei se achando engraçado
ou se foi a retribuição do que não esperava.
Quando saía, e sabia que não mais te veria
me aproximei e meu nome escapou pela minha boca.
Não consegui assimilar a sua resposta, apenas olhar;
olhar para o papel que você me deu
o qual eu guardo até hoje
com seu nome e número.
Naquele dia nos falamos um pouco.
Depois dele, nunca mais.
Só mantenho o papel, da forma mais maníaca
e possessiva que pode-se imaginar.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

PERDIDO

É estranho o modo como me sinto agora. Não consigo descrever, e o procedimento de respirar fundo e pensar "quais são meus reais problemas" aparenta já não funcionar mais tão bem quanto deveria.
Perdido. Eu estou perdido no show que se chama vida. Não consigo me desenhar um rumo e não posso; não tenho como sorrir e viver "deixando a vida me levar". Sou o tipo de pessoa que sempre teve tudo planejado e tudo certo, definido como seria. Por mais certezas que eu tivesse de que aqueles planos não funcionariam, eu sempre tinha um back-up para realizar.
Hoje não. Não sei o que esperar, não sei o que devo fazer. Me sinto inseguro de mais para tomar certas decisões, das quais eu talvez me arrependa mais tarde. Porém tenho a necessidade de não permanecer do jeito que estou, porque não faz mais sentido essa encenação de felicidade.

Estava pensando outro dia, e acabei por postar no meu twitter que minha vida é vazia. Creio ter sido a coisa mais sincera e sensata, ao mesmo tempo, que eu já pensei e terminei registrando.
Parando para analisar, o que eu tenho? O que eu sou? NADA. Essa é a resposta.
Quando estou com meus amigos me sinto bem, mas não há nexo em seguir sorrindo por aí. Não tenho razões para tal. É como se agora eu fosse um buraco negro, que vive de energias sugadas, e só consegue deixar destruição por onde passa.
Tem toda aquela questão de não ter um alguém para chamar de meu, e não ter uma razão mais que especial para nada.


Tudo me irrita! Tudo mesmo! A preocupação da minha avó, que eu compreenderia em tempos normais, é de tamanho peso na minha cabeça que quase brigo com ela só de falar um simples "oi". E é claro que não é só com ela; todos - principalmente família -, quando abrem a boca, por mais gentil e carinhoso que seja o comentário me tira do sério. Não consigo mais enfrentar nada assim, já que o que me afronta parece ser maior que eu mesmo.

Não sei o que realmente ocorre. Pode ser o peso da mentira sobre meus ombros, me empurrando cada vez mais para baixo enquanto eu não digo à todos que sou gay. Claro que pode ser, é uma coisa que tenho que trancar dentro de mim toda vez que chego em casa; tudo o que falo tem que ser pensado antes para não me proporcionar nenhum mal estar psicológico.
Pode ser o fardo de ver uma de minhas melhores amigas seguir a carreira que eu e ela tanto sonhamos juntos, enquanto que eu faço algo que, teoricamente, não me levará à lugar algum. É claro que penso em me estabelecer financeiramente antes de seguir minha carreira no teatro, mas sejamos realistas. Até eu me estabelecer financeiramente, terei quantos, talvez 30 anos? Quero fazer muita coisa até lá, quero viver. E qual a possibilidade de ingressar nesse mercado com 30 anos? Quase nenhuma.

Eu também fico atordoado porque, quando me dedico aos trabalhos de publicidade, curso ao qual tenho me aplicado, não tenho o apoio dos meus colegas de grupo. Em minha concepção, entramos em um grupo para que pudéssemos desenvolver pensamentos e ideias juntos, todos reunidos e todos pensando diferente, discutindo de forma saudável o destino do trabalho. Mas não! Acaba tudo sobre as minhas costas; tudo sou eu quem tem que fazer. Claro que não posso deixar de citar quem faz o que lhe é cabível, mas eu nunca acho que está bom, sempre tenho que tentar melhorar de alguma forma e para que eu melhore, tenho que refazer. Tenho a certeza que parte desse meu desentendimento comigo mesmo é resultado do trabalho que está em andamento na faculdade e que no qual ninguém faz nada direito! Consigo contar nos dedos quem chegou onde devia chegar. Quem me mandou o trabalho quando eu queria que mandasse, não está nem um pouco interessado em nada. Quer a nota/diploma e eu tenho a quase certeza de que não vai trabalhar na área.

Minha vontade era a de trancar o curso, começar teatro e, se não desse certo, voltar para a publicidade. Mas a realidade de ser pobre e não ter o poder aquisitivo necessário para pagar um curso de teatro é maior que eu, também. Não posso pensar sequer em fazer um curso de canto, porque não tenho dinheiro suficiente para tal investimento.

Eu não sei o que fazer. Hoje, durante a aula, senti um vontade, um desejo, uma necessidade imensa de um abraço sincero, daqueles que eu só ganhei de uma pessoa até hoje. E daí vem mais uma parte da minha depressão, que eu espero ser passageira.
É tão triste não ter razões; viver sem rumo... Eu me mataria, porém não tenho a coragem necessária. Não me restam forças para lutar com esse sentimento, eu as uso para caminhar e me manter em pé todos os dias.
Como eu queria ter um ombro amigo. Melhor, um ombro mais que amigo, um ombro amado. No qual eu pudesse chorar desesperadamente e depois tudo estaria tranquilo, porque tudo estaria ali ainda. Nele. Ele seria meu tudo. Meu todo.
Ao mesmo tempo que tenho esse desejo, sei que é uma carga muito grande, que provavelmente ninguém aceitaria. Provavelmente ninguém nunca vá aceitar. E meu destino é esse.


Um eterno apaixonado, sem paixão alguma.