segunda-feira, 10 de março de 2014

IMPERFEITO NAS MINHAS PERFEIÇÕES

Voltei. Sim, depois de todo esse tempo - que nem fiz questão de olhar para falar com exatidão.
Já disse que não quero que as coisas aqui fiquem artificiais, então não pretendo assumir um compromisso de escrever todo dia. Claro que este é somente o primeiro argumento. O segundo é interligado, não fiz o blog para entreter ninguém, apenas para desabafar, então... É auto explicativo.


Os últimos acontecimentos são tão ou mais tediosos ainda que os antigos. Não houve novidade. Continuo sofrendo com a solidão que em mim aflora. Comecei o livro sobre minhas memórias. É um projeto interessante. Logicamente sei que não tenho tanta experiência quanto outros por aí, mas já que não serei nada além de um pedaço de carniça em decomposição dentro de alguns anos, quero deixar meu nome aqui. Quero que fique registrado, tudo. Pode ser que não ajude em nada, mas pode ser que seja um grande avanço e pode ser de exemplo para muitos que precisem de um.
Minha família ainda não sabe sobre minha sexualidade e cada vez mais tenho a certeza de que vou acabar nunca contando. E que eles não entenderiam.


Amigos... Bom, meus amigos estão como sempre; me decepcionando quando chego perto. Aquela velha relação do "quando estamos longe, sinto saudades; quando estamos perto, quero distância".
Da ultima vez que me encontrei com uma delas, o dia foi um fiasco completo. Não queria que meu subconsciente apontasse o namorado dela como culpado, porque conscientemente não acho que seja; mas não controlo meu subconsciente.
Semana retrasada fui para a casa dos meus outros amigos e ficamos bêbados - talvez mais do que nunca antes. Fizemos loucuras e lembro pouquíssimo para ser mais exato. Me contaram que lambi os peitos de uma delas. Não lembro dessa parte, então prefiro não acreditar.
Voltei para lá neste final de semana, tanto sábado quanto domingo. Sábado foi um dia incrível; daqueles que queremos viver várias vezes. Não sei, foi divertido, apesar de não termos feito nada de mais; foi um dia em que não me senti sozinho, o que me conforta muito. Voltei hoje com altas expectativas e, adivinhem só, me fodi.
Como sempre, quanto mais boas expectativas eu tenho à respeito de algo, o universo faz questão de me mostrar que não sou merecedor de nada. Apesar de estar com mais gente ainda do que ontem ao meu redor, me senti muito sozinho.


Do começo, quando descobri ao certo o que eu sentia, o que eu sou, fiquei com medo de contar aos meus amigos. Alguns, claro. Por dois simples motivos - mesmo crendo já ter citado isto aqui, vou colocar de novo para situar-me -;
Primeiro: Não queria dar motivos para que não falassem comigo mais. Jamais teria admitido minha sexualidade caso soubesse do trisco de possibilidade deles não me aceitaram. Por mais ridículo que isso possa parecer e seja, não suportaria viver sem meus amigos.
Segundo: Todos são do tipo de pessoa que caçoa de tudo à toda hora. Ainda não descobri em mais de oito anos de amizade se são capazes de levar algum assunto à sério. Infelizmente. De qualquer forma, caso me aceitassem do jeito que realmente sou, o que aconteceu, fariam todo tipo de piada sem graça possível de se formar ou já existente na face da Terra.
Para minha felicidade parcial, o primeiro motivo não foi realizado. Para minha infelicidade parcial, o segundo se tornou verídico.
Quando estamos todos juntos, falamos muitas besteiras e tudo mais, adoro isso neles, a gente meio que volta a ser criança. Porém, o pior de ser criança, é não ter o discernimento para a vida. Não saber levar nada à sério. E eu gosto de ter crescido - por milhões de razões - principalmente por saber pensar. Por conseguir pensar.
Hoje fizemos o de sempre, mas essa tiração de sarro me irritou. Eles conseguiram me atingir em um ponto que me desestabilizou. Um ponto que eu não tenho controle. Quando nos falam de algo que podemos modificar ou que sabemos ser apenas brincadeira, é uma coisa. Agora, quando nos falam de algo que não temos certeza, ou quando nos tocam em algum lugar, o qual não podemos mudar, ficamos reflexivos, tristes...


Mesmo tendo a consciência de que sou alguém complexado por tudo que me aconteceu, concordo com meus próprios argumentos inteligentes. Antigamente me falavam do meu corpo e da minha sexualidade. Eu me transformei em outra pessoa fisicamente. Minha sexualidade infelizmente não tenho como mudar. Minha virilidade também não. Mas trabalho em cima dela. Creio ser por isso que me acho mais bonito sério ou com barba. Porque me deixa com mais cara de homem e não permite as piadinhas que SEMPRE tive que ouvir. E hoje me fizeram lembrar dessas mesmas piadinhas.


Por mais maçante que seja dizer de novo a mesma coisa, eu sofri o tal do bullying quando era criança. O que me traumatizou e provocou em mim o sentimento de imperfeição. O sentimento de anormalidade. Agora, peço que, seja lá quem for que esteja lendo isso e compreendendo, imagine-se imaginando-se imperfeito, feio, anormal, como se nunca fosse ser alguém, como se nunca fosse estar com alguém por isso. O que faria? Tentaria mudar, correto? É o que eu tento fazer. Me empenho muito nisso. Não teria gastado o tanto de dinheiro que gastei para emagrecer se não me empenhasse.
Não culpo meus amigos pela minha tristeza - claro que tive que refletir muito sobre o assunto para saber que não são totalmente culpados; de cara fazemos o óbvio! - mas culpo minhas imperfeições.
Se eu talvez não fosse tão imperfeito, talvez não sofresse com o insulto dos outros. Talvez se eu não tivesse me deixado atingir por ofensas na infância, não fosse complexado hoje em dia. Eu nunca saberei o que aconteceria se eu, por um acaso do destino, fosse alguém. Isso me fere. Mas tenho que continuar vivendo. Para não ser egoísta e vendo todos ao meu redor serem.


Termino citando o conhecimento popular, que diz "a ignorância é a chave da felicidade".
Quem me dera a ignorância para me salvar desse posso de tristeza, no qual não caímos, mas subimos de escada conforme nos aprimoramos. Somos um tipo de masoquistas que gosta de ferir seus próprios sentimentos. E não é algo que possamos mudar.

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